Muda o Sistema, Não o clima!
O sistema capitalista leva-nos à catástrofe ecológica.
A luta contra as alterações climáticas e os seus efeitos devastadores é hoje uma questão urgente de sobrevivência. Centenas de milhares de jovens estudantes e trabalhadores entendem-no e têm ocupado as ruas das grandes cidades por todo o mundo em protesto contra a inacção dos governos capitalistas na resolução deste problema global.
O ano passado foi o quarto ano mais quente desde 1850 e estima-se que nas grandes cidades, onde vive mais de metade da população mundial, serão atingidas temperaturas recorde nos próximos anos. Prevê-se que o ponto de não retorno seja em 2030, o ano em que é esperado um aumento da temperatura média do planeta superior a 1,5ºC, o suficiente para acelerar o já rápido ritmo de extinção de espécies.
Fenómenos climáticos extremos têm surgido com cada vez mais frequência, provocado a devastação de ecossistemas e o deslocamento de povoações por todo o mundo. Os cortes e medidas de austeridade, na protecção civil e serviços sociais do Estado, deixam os trabalhadores e a população pobre à mercê destes fenómenos. As respostas dos governos capitalistas a estas situações são insuficientes, tardias e opacas, dando origem a casos de corrupção, como se verificou com a atribuição de fundos às vítimas dos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande.
Capitalismo “verde”?
A principal causa das alterações climáticas é o aumento exponencial das emissões de gases com efeito de estufa, fruto da produção industrial descontrolada do sistema capitalista. Calcula-se que 63% das emissões de CO2 a nível mundial são consequência da actividade de 90 multinacionais. Só na Europa, 60% da contaminação é produzida por apenas 5 dessas empresas. Estas emissões provocam um aumento da temperatura média global tendo consequências catastróficas para os oceanos e recifes, com a queda vertiginosa dos níveis de oxigénio e a sua consequente acidificação. Os danos incalculáveis na agricultura e nas pescas colocarão a nossa alimentação em risco, afectando sobretudo quem depende da agricultura, agropecuária e pesca para sobreviver.
Perante esta realidade, a hipocrisia dos governos capitalistas de todo o mundo não tem limites: convocam cimeiras e conferências climáticas por todo o mundo, e aprovam protocolos e acordos que são sistematicamente ignorados pelas grandes multinacionais petrolíferas, de gás natural, siderurgia e eletricidade. A solução do livre mercado, com a criação dos chamados mercados de carbono apenas formalizou a poluição como um recurso a ser trocado entre empresas, permitindo-lhes manter níveis de poluição desenfreados, ao mesmo tempo que mantêm os seus lucros. A poluição do planeta, para a classe capitalista, não passa de uma externalidade, isto é, um prejuízo que não entra nos seus cadernos de contas. Mas para nós, filhos da classe trabalhadora, que temos que viver onde essa poluição é produzida, que temos que trabalhar onde essa poluição é produzida, para nós que vemos o nosso futuro hipotecado, o Planeta não é uma externalidade!
Neste sistema económico, a manutenção do lucro de uma minoria leva a cortes, privatizações e medidas de austeridade, que geram uma situação de desemprego massivo, precariedade e destruição dos serviços públicos. Em capitalismo, os jovens e os trabalhadores são barrados de qualquer possibilidade real de mudarem o rumo das alterações climáticas. Por isso, o nosso foco deve ser o combate colectivo contra este sistema podre e decadente, e não um foco em medidas paliativas como soluções individuais baseadas no capitalismo verde.
Contra o sistema capitalista, estudantes e trabalhadores lado a lado!
Assim, palavras de ordem como “System change, Not climate change” e “Resistência internacional contra a poluição do capital”, têm sido amplamente utilizadas nos vários protestos desde Novembro, onde os estudantes e a juventude trabalhadora se apresentam como a vanguarda do movimento contra as alterações climáticas. Movidos por um grande sentido de urgência, pelo seu futuro e o do próprio planeta, a juventude tem feito greve às aulas e protestado nas ruas da Bélgica, Alemanha, Reino Unido, Austrália e vários outros países. Para poder avançar é fundamental a organização de comissões estudantis locais e de assembleias abertas para a construção colectiva deste movimento.
E a luta pelo direito ao futuro é também uma luta dos e das trabalhadoras e das suas organizações. O apoio sindical é essencial para garantir a possibilidade de uma greve geral que abale os alicerces deste sistema. Além disso, é a garantia do apoio dos nossos professores, para que nenhum estudante seja penalizado ou sancionado por exercer o seu direito à greve, como a experiência internacional o tem demonstrado.
A luta pela sobrevivência do planeta não vem separada do resto das reivindicações sociais e educativas pelas quais temos vindo a lutar. É necessário um movimento de massas organizado e articulado a nível internacional que una a juventude, a classe trabalhadora e todos os sectores oprimidos da sociedade para pôr fim ao controlo determinante que as grandes empresas e multinacionais exercem sobre a produção mundial. Lutar pelo direito ao futuro implica lutar pelo controlo e planificação democrática da economia e das indústrias que mais poluem o planeta, substituindo a lógica de lucro dos patrões e dos CEOs, por uma lógica de sustentabilidade e reconversão energética.
Só através da nacionalização de todas as indústrias de combustíveis fósseis e de produção energética sob controlo democrático, como a indústria automóvel e da celulose, poderemos converter estes postos de trabalho em “empregos verdes”, e poderemos pôr um fim imediato aos furos e drenagens. Só assim conseguiremos garantir que há um investimento massivo numa rede de transportes colectivos, públicos, gratuitos e ecológicos, assim como num sistema público de saúde digno, numa educação pública, democrática e de qualidade, e num plano de habitação que não deixe ninguém sem uma casa digna.
O Sindicato de Estudantes junta-se à convocatória da Greve Estudantil Internacional pelo Clima, lançada para dia 15 de Março, e convoca todos os estudantes de todos os níveis de ensino, trabalhadores e jovens a participar nesta greve e a juntar-se às manifestações organizadas para as 10h30 em todas as cidades do país!
Por uma sociedade e planeta sustentáveis e livres de exploração e opressão!
Pelo fim da poluição e destruição capitalista!
Por uma produção planificada e sustentável sob o controlo democrático dos trabalhadores e da juventude!
Para saberes como organizar a greve na tua escola entra em contacto connosco!
Exigimos:
- Nacionalização de todas as multinacionais de energia e combustíveis (empresas de electricidade, mineiras, de petróleo e gás, empresas de produção de energia eólica e solar, etc…), e um plano público de investimentos para estabelecer uma indústria energética 100% ecológica e sustentável. Não à pobreza energética!
- Nem mais um furo em Portugal, contra o fracking e prospecção de petróleo.
- Por uma rede de transportes pública, gratuita, de qualidade e ecológica. Plano massivo de investimento para tornar as cidades 100% sustentáveis.
- Nacionalização das indústrias automóveis, aeronáuticas e navais, e adaptação da sua produção para torná-las viáveis e não poluentes!
- Nacionalização da terra, da indústria agropecuária e das indústrias de processamento de alimentos. Pelo fim da exploração florestal capitalista que possibilita incêndios catastróficos. Não à exploração capitalista dos oceanos. Por uma alimentação sustentável, ecológica e saudável para o conjunto da população!
- Por um corpo de protecção civil e de bombeiros profissionalizado e devidamente financiado para lidar com as catástrofes climáticas que se seguem.
- Empresas públicas de reciclagem sob controlo democrático por trabalhadoras e trabalhadores. Chega de fazer dinheiro à custa do ecologismo!
- Por uma produção sustentável planificada democraticamente pelo conjunto da classe trabalhadora e da juventude.